13 de novembro de 2007

Atitudes

Quem sou eu para falar disto? Ninguém! Percebo tão pouco disto como um padeiro percebe de canalizações, mas hoje estava a escrever e achei que seria interessante coloca-lo aqui.


"Para sociabilizarmos temos que nos mostrar prontos a apoiar os outros, temos que parecer o ombro amigo, temos até que escutar, aturar os outros; nesses momentos podemos não sentir nada a não ser uma grande maçada, mas o produto final, ou seja, a acção, vai ter uma importância crucial no modo como evoluímos socialmente.

Não critico quem tem estas atitudes, critico quem as tem por fora e não as tem por dentro. A atitude é a conjunção do pensado e sentido com o efectuado. Hoje libertaram-se um conjunto de atitudes que foram pré-programadas nas pessoas: estas não são realmente atitudes, são partículas soltas da atitude que se auto denunciam como tal: não passam da realização de um acto – não têm sentimento ou pensamento (podem ter pensamento, mas um pensamento egoísta de conquista sentimental no objecto em questão) que as anteceda, não há construção cognitiva que leve à execução na totalidade, há apenas a reacção reflexa de que se tem de dar apoio, que se tem de ouvir ou que se tem de aconselhar, nunca se sabendo ao certo o que se faz, sabe-se apenas que se faz alguma coisa e que essa coisa ajuda-los-á a garantirem gente à sua volta."

1 comentário:

José Pires F. disse...

Uma das dificuldades do mundo moderno é conversar, mesmo com aqueles com quem partilhamos saliva, doenças, trabalho ou casa. As pessoas limitam-se a falar, coisa que tem um propósito utilitário; começar e acabar, enquanto conversar contém dois sentidos, falar e escutar e várias variantes como a que deambula sem se saber para onde ou porquê, estas, as conversas vagabundas, foram enterradas pela modernidade, onde só se disparam frases. É a cultura do ruído.
A linguagem existe para as pessoas falarem umas com as outras, mas muitos esquecem-se da maior parte do que dizem e ouvem ou, no melhor dos casos, apenas se lembram do essencial. Mas havendo vontade de o fazer, é possível criar e conservar um aparato linguistico que tenha uma existência que vá além daquilo que uma pessoa diga a outra numa dada ocasião.

Abraço

PS: desculpa lá isto ter ficado deste tamanho, mas um gajo vai por aí fora e quando se lembra do limite de velocidade já o radar disparou.