28 de outubro de 2006

Gramática

Será correcto dizer que o verbo vestir é reflexo? Penso que não. As pessoas já não se vestem, deixam os outros vesti-las...

E assim vivemos...

15 de outubro de 2006

O talher

É-me complicado falar do talher porque se cometo alguma falha tenho amanhã a Paula Bobone a denunciar-me ao 24 horas, mas adiante.
O episódio que se segue é verídico e passou-se quando eu ainda só usava uma mão para contar a estória da minha vida. Nessa altura estava a aprender a usar o talher, não que achasse necessário, pois a colher para mim era como um canivete suíço, mas porque a responsabilidade da idade assim o exigia. Embora já levasse muito tempo a observar o uso correcto do talher, o meu vício de comer com apenas um utensílio fez-me fazer várias experiências, experiências essas que me levaram a escrever hoje.
Primeiro comecei a comer só com o garfo. Era porreiro, mas das duas, uma: ou alguém me cortava as coisas ou então tinha de as comer esmagadas, quase inteiras. Aborrecido com a falta de potencial do garfo para ferramenta única à hora das refeições, procurei usar a faca. Também se conseguia comer. Com a faca conseguia levar os alimentos à boca e muitos desses alimentos podiam ser cortados apenas com ela. No entanto havia sempre qualquer coisa que requeria o uso do garfo para ser cortada. Estes caprichos dos alimentos fizeram-me usar o talher. A minha mania foi vencida pela forte ligação entre duas coisas que só juntas e a exercerem as suas respectivas funções é que fazem sentido.
Finalmente tinha percebido que para minha maior comodidade tinha de usar o talher, com a faca a cortar e o garfo a transportar os alimentos até à boca. Vi também que mesmo estando juntos, se o garfo cortar e a faca transportar, o talher não tem 100% de funcionalidade.
Tal como o talher, é o homem e a mulher.


E assim vivemos...

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Feministas que querem mais do que igualdade de direitos escusam de dizer qualquer coisa.

1 de outubro de 2006

Chantagem

A chantagem é, na maioria das vezes em que é usada, considerada moralmente inválida. Quando chantageamos alguém, deixamo-lo ou -la com duas opções apenas, quando a imaginação com que cada ser humano nasceu podia resolver o problema por uma terceira via.
Mas, se a chantagem é condenada, por que é que é usada todos os dias por pais sem paciência para pensar nos estereótipos educacionais que usam? De facto, e se pensarmos bem, pelo menos os que têm filhos, a chantagem é na maioria das vezes o persuasor mais eficaz para que os filhos comam a sopa, vão para a cama cedo, tomem banho ou deixem de dizer palavrões.
Penso que não haveria tanta chantagem se cada um de nós não fosse obrigado a conviver com ela desde tenra idade. Porque hoje dizemos: "Ou comes a sopa, ou não comes mais rebuçados."; amanhã dizemos "Ou vais fazer os trabalhos de casa, ou ficas sem televisão uma semana" e uns anos mais tarde são eles que nos dizem "Se não param de dar palpites sobre a minha vida amorosa, saio de casa!"

E assim vivemos...