29 de dezembro de 2006

E fez-se luz! Que mau...

É impressionante a maldade que o ser humano encerra! Depois de deturpar o Natal com competições para ver quem recebia mais e melhores presentes, brinda-nos com um novo tipo de modalidade natalícia: as luzes! Sim, é verdade, agora competem para ver quem consegue ornamentar a casa com o maior número de luzinhas. É que quem ganhar a medalha de ouro aparece no Jornal Nacional...

E assim vivemos...

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Se não nos "virmos" mais: Bom Ano Novo!

4 de novembro de 2006

Corrupção?!

Longe vão os tempos em que cada um nascia com consciência. Digo isto porque no nosso tempo a consciência é deitada de lado em prol de benefícios materiais.
De facto, já ninguém se preocupa com a maneira como consegue o que quer. Tudo é lícito quando há um objectivo a atingir. O facto mais preocupante desta situação é que há pessoas dispostas a corromper e pessoas dispostas a ser corrompidas.
Hoje não é difícil passar por cima de umas quantas leis se tivermos algum dinheiro para "investir"; não é difícil anular uma multa de trânsito; não é difícil fugir a um processo judicial. Hoje em dia basta ter dinheiro, porque no fim de contas, é só isso que importa.

28 de outubro de 2006

Gramática

Será correcto dizer que o verbo vestir é reflexo? Penso que não. As pessoas já não se vestem, deixam os outros vesti-las...

E assim vivemos...

15 de outubro de 2006

O talher

É-me complicado falar do talher porque se cometo alguma falha tenho amanhã a Paula Bobone a denunciar-me ao 24 horas, mas adiante.
O episódio que se segue é verídico e passou-se quando eu ainda só usava uma mão para contar a estória da minha vida. Nessa altura estava a aprender a usar o talher, não que achasse necessário, pois a colher para mim era como um canivete suíço, mas porque a responsabilidade da idade assim o exigia. Embora já levasse muito tempo a observar o uso correcto do talher, o meu vício de comer com apenas um utensílio fez-me fazer várias experiências, experiências essas que me levaram a escrever hoje.
Primeiro comecei a comer só com o garfo. Era porreiro, mas das duas, uma: ou alguém me cortava as coisas ou então tinha de as comer esmagadas, quase inteiras. Aborrecido com a falta de potencial do garfo para ferramenta única à hora das refeições, procurei usar a faca. Também se conseguia comer. Com a faca conseguia levar os alimentos à boca e muitos desses alimentos podiam ser cortados apenas com ela. No entanto havia sempre qualquer coisa que requeria o uso do garfo para ser cortada. Estes caprichos dos alimentos fizeram-me usar o talher. A minha mania foi vencida pela forte ligação entre duas coisas que só juntas e a exercerem as suas respectivas funções é que fazem sentido.
Finalmente tinha percebido que para minha maior comodidade tinha de usar o talher, com a faca a cortar e o garfo a transportar os alimentos até à boca. Vi também que mesmo estando juntos, se o garfo cortar e a faca transportar, o talher não tem 100% de funcionalidade.
Tal como o talher, é o homem e a mulher.


E assim vivemos...

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Feministas que querem mais do que igualdade de direitos escusam de dizer qualquer coisa.

1 de outubro de 2006

Chantagem

A chantagem é, na maioria das vezes em que é usada, considerada moralmente inválida. Quando chantageamos alguém, deixamo-lo ou -la com duas opções apenas, quando a imaginação com que cada ser humano nasceu podia resolver o problema por uma terceira via.
Mas, se a chantagem é condenada, por que é que é usada todos os dias por pais sem paciência para pensar nos estereótipos educacionais que usam? De facto, e se pensarmos bem, pelo menos os que têm filhos, a chantagem é na maioria das vezes o persuasor mais eficaz para que os filhos comam a sopa, vão para a cama cedo, tomem banho ou deixem de dizer palavrões.
Penso que não haveria tanta chantagem se cada um de nós não fosse obrigado a conviver com ela desde tenra idade. Porque hoje dizemos: "Ou comes a sopa, ou não comes mais rebuçados."; amanhã dizemos "Ou vais fazer os trabalhos de casa, ou ficas sem televisão uma semana" e uns anos mais tarde são eles que nos dizem "Se não param de dar palpites sobre a minha vida amorosa, saio de casa!"

E assim vivemos...

13 de setembro de 2006

Correcção ou Incorrecção, eis a questão.

Se 1+1 é 2, logo 2 é 1+1.
Se recordar é viver, logo viver é recordar. E viver não é recordar, viver é simplesmente...viver! E recordar não é viver, é apenas recordar. Porque viver vai muito para além de recordar e recordar está muito àquem de viver.

E assim vivemos...

9 de setembro de 2006

O que se vai passar.

Quando vais ao cinema ver um filme que já viste com alguém que ainda não o viu, tens aquela tendência de chamar a atenção da pessoa que vai contigo para as partes que mais gostaste e para o climax do filme. Quando começas a fazer isso, o que ouves do outro lado é sempre: "Cala-te! Não contes como é o filme, assim não tem piada!"
Quando chegas cá fora, vais ao quiosque comprar pastilhas elásticas e a pessoa que está contigo compra logo uma revista qualquer que adianta os acontecimentos das novelas que esta anda a acompanhar. Afinal como é? Querem ou não saber o que se vai passar?

E assim vivemos.

6 de setembro de 2006

Visto daqqui nº 1

(Aqqui há um local onde as coisas são vistas de um prisma completamente diferente. No espaço "Visto daqqui" vou procurar mostrar esse prisma.)


Os livros não se devem devorar. Se o fizermos, pouco ficamos a perceber dele.

Daqqui vê-se assim

E assim vivemos... (e vêmos)

22 de agosto de 2006

O que é que devo vestir?

Quando somos crianças não gostamos que os nossos pais nos digam o que vestir, queremos ser nós a escolher a nossa própria roupa, a fim de andarmos vestidos com o que, aos nossos olhos, nos fica melhor. Depois de conquistarmos essa pequena meta, a de termos a liberdade de nos vestir segundo os nossos critérios, vamos indubitavelmente perde-la dando à moda o poder de decidir o que havemos de vestir. Embora em muitos casos a moda seja como um rio onde só se pesca o que se acha bonito, noutros tudo o que vem à rede é peixe.

Acho sinceramente que na generalidade, as pessoas julgam que têm corpos como os dos modelos, corpos onde todo e qualquer “trapo” fica bem, às vezes. Parece que os espelhos estão a mentir cada vez mais. Ou então são as pessoas que querem que eles mintam.

A escolha do vestuário passou a ser industrial. As pessoas passaram a vestir-se não com o que se sentem bem, mas com o que os outros acham bem. E assim passa a haver um controlo de qualidade diário, onde o controlador é a sociedade e o controlado somos nós com os nossos gostos.

E assim vivemos…

5 de agosto de 2006

Não te metas na minha vida!...

O MSN Messenger é uma forma simples de comunicar com qualquer pessoa do mundo, basta que tenhamos o seu e-mail para podermos estabelecer conversações em tempo real. Neste mensageiro é possivel definirmos o modo como o nosso nome aparece na janela das pessoas que têm o nosso contacto. Aliado a tudo isto, é possível dizermos a quem nos vê qual é o nosso estado, e há alguns estados pré-definidos: ausente, ocupado, ao telefone... Não bastando estes estados pré-definidos para descrever a sua disponibilidade para responder às mensagens, as pessoas criam novos estados, onde são descritos até ao mais ínfimo pormenor o que estão a fazer ou muitas vezes como se sentem.

Exemplificando:
O Manuel está a sair de casa e a mãe pergunta-lhe:
_ Onde é que vais com tanta pressa?
E diz o Manuel:
_ Não te metas na minha vida! Já sou crescido.
Ao mesmo tempo, ele tem assim escrito no seu nick do messenger:
::M@NeLL:: -> I love rock'n'roll (TOU EM CASA DO JOÃO, QLQR COISA TLM)

A Luciana vai à cozinha buscar um copo de água e o irmão diz:
_ Podes jogar um bocadinho de consola comigo?
E ela, com ar zangado:
_ Não. Não me aborreças.
E o irmão:
_ Passa-se alguma coisa não passa?
E ela:
_ Não, não passa. Perde a mania de te meteres na minha vida!
Ao mesmo tempo, ela tem no nick do messenger:
~~LuCCyAnnA~~ NÃO CONSIGO VIVER SEM TI MANEL! DESCULPA! (SEM VONTADE PARA FALAR.)

E assim vivemos...

30 de julho de 2006

Prazer dos Diabos

(Muitos considerarão o que se segue como uma ideia copiada. No entanto, e para evitar isso, vou deixar bem claro que só sei que há mais gente a pensar como eu porque fui procurar um site oficial do programa e descobri muitos sites a falarem do mesmo.)

Prazer dos Diabos é o nome de um programa que passa na nova SIC Comédia, canal iniciado no tempo em que a SIC, Sociedade Independente de Comunicação, vivia de programas de humor barato e julgava que estava a fazer um favor aos portugueses que se sentiam infelizes por causa da crise. Neste canal são recuperadas grandes séries como Allô Allô ou Seinfeld; emitidos os modelos do "Herman Sic", ou seja, o Late Night com Conan O'Brien e o Tonight Show com Jay Leno. Mas não só de importações se faz este canal: entre outros, há ainda os velhinhos Malucos do Riso e este novo programa.

Neste novo programa, desconhecido ainda por muitos, cinco pessoas sentam-se a uma mesa e fazem uma "crítica gratuita, crescente e descontrolada, ao vivo e em directo". O programa é semanal, dura uma hora e tem como principal alvo de chacota o nosso Portugal. Daqui sai já um problema: em Portugal não acontece tanta coisa numa semana que possa ser "gozada" por aqueles senhores numa hora. Logo, grande parte do programa é feito pelo esforço imenso que estes fazem para ficarem a bendita hora em frente das câmaras. Para isso, qualquer coisa serve de chacota, mesmo aquelas coisas que são catalogadas pelo senso comum como "preferencialmente não-gozáveis".

Outro problema: neste programa que é "visado para chegar a todas as idades pensantes, as cinco unidades que enchem o painel crítico vão dar voz à vizinha que se queixa do aumento do preço do leite, à criança descontente com a excessiva repetição do mesmo episódio do Bernie Mac na SIC Comédia, ao treinador de bancada, ao ex-ministro e ao desgraçado que perdeu o emprego à hora de almoço", deveria incluir pessoas com estilos de vida distintos e de meios culturais diferentes, no entanto quem está sentado à volta daquela mesa são pessoas tipicamente citadinas, que, com palavras caras fazem chacota de situações às quais mais ninguém faria.

O Prazer dos Diabos é provavelmente o último fôlego da "Era Humor" da SIC.
Este programa passa todas as quartas-feiras, das 22h:30m às 23h:30m na SIC comédia. Quem vir este programa vai perceber porque é que ele está num canal por cabo e não na SIC em sinal aberto. Também temos que ter em conta que a SIC generalista já não tem muito espaço na sua grelha de programação porque somando à miríade de novelas da Globo que passam diariamente, ainda começou a emitir, três vezes por dia, uma nova produção para competir com a série portuguesa que lança mais cantores no mercado, que passa na estação rival.

E assim vivemos...

NOTA: tudo o que se apresenta a itálico é retirado da descrição oficial do "Prazer dos Diabos" que se encontra no site da SIC Comédia em http://sicprogramas.sapo.pt/sicprogramas/index.php?article=633&visual=11 .
Vejam o programa e leiam a crítica. Vão ver que um não corresponde a outro.

25 de julho de 2006

Trocas

Hoje em dia...
...se queres ser cantor, segue a carreira de actor.
...se queres ser actor, segue a carreira de modelo.
Qualquer dia, quem quiser ser doutor pode sempre começar por ser pintor...

E assim vivemos...

6 de julho de 2006

Ser Homem.

No outro dia fui tomar uma vacina. A senhora enfermeira picou-me com a agulha e eu disse " Ai!" e ela disse "Isso doeu-te? Já és um homenzinho (é mentira, ainda sou uma criança, mas suponhamos que sou homem), isto não dói nada." Ao dizer que "aquilo" (uma picada de agulha directamente na tua carne) não dói nada ela está a cometer um grave erro. Aquilo dói, não é uma dor de nível 10, mas dói. No entanto, e pelo o que eu pude perceber do seu discurso, a senhora enfermeira quis dizer que homem que é homem, não sente dor, ou seja, não tem sensibilidade nervosa. O que é mentira. Homem que é homem nasce com um pénis, independentemente de conseguir controlar "pequenas" dores ou não.
Ao mesmo tempo existe aquela máxima transmitida ao longo de gerações que diz "Homem que é homem, não chora." Mais uma vez, isto é falso. O choro não é nada mais nada menos que uma expressão de profunda tristeza ou então profunda alegria. Quer se seja homem ou mulher, estamos todos habilitados da capacidade de sentir tristeza ou alegria, pelo menos.
O ponto que eu queria atingir com tudo isto é este: ao longo do tempo tem sido transmitida a várias gerações uma ideia errada do que é ser homem. Essa ideia diz que os homens não devem ter sensibilidade nervosa e que em vez de terem um coração têm um pedaço de pedra.
Agora vou ser didáctico. Se tu és um menino que tens entre 6 e 9 anos e chegas-te até aqui (se fores sobredotado e já souberes ler com 2 anos, isto também é para ti), lê isto com atenção: quando fores tomar uma vacina, ou caíres de joelhos no chão, não te faças de forte, expressa a tua dor, grita, chora... Um dia vais conseguir controlar essas dores físicas, acredita. Quando alguém próximo de ti estiver mal, ou te fizer sentir mal, ou tu próprio te sentires mal com os outros que pensam que está tudo bem, não evites chorar. Se te chamarem menina, deixa lá. Tanto meninas como meninos têm sentimentos, e tu, ao chorares estarás a ser muito mais homem do que os outros todos, que só não choram também porque têm vergonha e medo de serem gozados.
Ser homem não significa que sejas um pilar de robustez.

E assim vivemos...

P.S. Tenho reparado, a propósito do meu antigo artigo sobre fotologs, que a juventude se anda a esconder na casa de banho para tirar fotos em frente ao espelho. Já imaginei que devem levar uma carga de roupa lá para dentro, trancarem-se e depois de muitas fotos e muitas trocas de roupa, devem pedir mais um rolo de papel higiénico para disfarçar.
Vêem-se por aí muitas casas de banho porreiras...

30 de junho de 2006

tmn

Há uns dias a tmn começou a disponibilizar o serviço de e-mail móvel em telemóveis com capacidade para receberem e-mails em qualquer parte. Para possibilitar este serviço aos clientes, a tmn fez uma parceria com a Netcabo.
Na publicidade, e era importante que o estimado leitor a visse ou a tivesse em mente, a tmn mostra que com aquele novo serviço é possível trabalhar fora do escritório, para aqueles que têm de trabalhar dentro de um. Agora eu pergunto, quem é o felizardo que tem como ocupação profissional a recepção de e-mails? Só um sortudo desses é que poderia trabalhar em qualquer lado munido de "uma poderosa terminal de recepção de e-mails móvel".
Estes tipos querem enganar quem? Com ou sem este serviço, o trabalho de escritório é feito no escritório...

E assim vivemos...

11 de abril de 2006

Poder de Decisão [desabafo abafado]

O "Madeira Paradise Dance 2006" é um festival que leva até à Madeira os melhores DJ's do mundo. Este festival foi marcado há sete meses e teria a abertura oficial no dia 14 do corrente mês. Depois de muito tempo sem olhar para o calendário cultural o bispo do Funchal, D. Teodoro de Faria, apercebeu-se há bem pouco tempo que o dia de abertura deste festival coincidia com a sexta-feira santa, que é um dia em que os cristãos devem estar supostamente de luto visto que esse dia marca a morte de Jesus Cristo. Ora o senhor bispo, esquecendo-se de todas as boates, discotecas, bares, canais eróticos e festas pariculares que estarão disponíveis para os jovens nesse dia, considerou um ultraje a abertura do festival de dança nessa sexta pois não respeita o luto dos cristãos e contribui para a indeferença dos jovens face a este dia.
Tudo bem que o senhor bispo queira fazer prevalecer os principios católicos e levar a juventude a reflectir neste dia, mas porque raio foi ele escolher um festival no meio de tantos outros divertimentos que os jovens podem aderir nessa sexta-feira?
Já estou a ver a igreja católica a impedir as agências de viagens de funcionarem durante a época de Páscoa, ou mesmo a impedirem os bancos de fazer empréstimos, promoveriam assim a vivência total e completa do espírito da Páscoa, impedindo as pessoas de viajarem nestes dias.
O catolicismo está a perder terreno face aos prazeres que a evolução do mundo proporciona, portanto ele tem que se adaptar ao mundo, não é o mundo que se tem de adaptar ao catolicismo, como outrora o fez no tempo da Inquisição.
Cada um tem o poder de decidir o que quer fazer, não é o facto do festival nao começar na sexta feira santa que mais pessoas vão viver esse dia como deve ser.
A propósito, o festival inicia-se no sábado seguinte, dia 15. O bispo lá conseguiu o que queria.


E assim vivemos...

24 de março de 2006

Famosa Casa da Misericórdia

A Santa Casa da Misericórdia foi criada com a intuito de ajudar os que mais precisam: pobres, sem abrigo, crianças orfãs, velhinhos... No seguimento de tudo isto, e como toda a gente precisa de ajuda, houve alguém que, a meu ver, disfarçou com o nome de Televisão Independente (TVI) uma instituição que de nada tem a ver com teledifusão, mas sim com ajuda a famosos "carênciados".
Se pensarmos bem, desde o grande sucesso do alentejano Zé Maria a tratar de galinhas e a conviver com mais 8 ou 9 sujeitos filmados 24 sobre 24 horas, que a TVI não parou de apostar em reality-shows. Primeiro presou o anonimato, dando oportunidade a gente normal de se achar famosa, depois achou que os famosos andavam a viver muito de aparências e decidiu dar-lhes até 5.000 € por semana sob a condição de eles andarem enfiados numa quinta a fazer figuras para divertir "os portugueses"... Depois disto seguiu-se a original ideia de colocar famosos numa situação militar, e pagar-lhes talvez melhor do que o Estado paga a um militar a sério. Agora, e quando toda a gente (menos os que lêem a TV Guia, a Maria, a Mariana, a Ana, e outras revistas com nomes de mulheres) pensava que a TVI ia finalmente retirar as telenovelas do horário nobre para apostar num tipo de programa decente, vem esta bomba do "Circo das Celebridades". Outro ponto que gostava de salientar é o facto desses programas com celebridades, apresentarem "não-celebridades", se me permitem o termo. É normal, uma celebridade a sério (há poucas em Portugal) nunca faria figuras daquelas e para remediar, a TVI oferece algum dinheiro a um quase semi-célebre para ir umas semanas experimentar a profissão de actor.
Talvez a única coisa acertada neste novo programa seja o nome... O circo das celebridades. Este nome deveria ter sido usado já há muito tempo, é que tem sido sempre um circo. O circo das celebridades... Melhor nome não podiam arranjar...

"TVI, a estação favorita dos portugueses" - dizem os senhores da TVI
Ou a TVI mente ao dizer isto, ou então o país está mesmo perdido...

E assim vivemos... (com muito pouca televisão nacional de jeito...)

Abraço

20 de fevereiro de 2006

O Reino do Comércio

Há muitos milhares de anos, numa terra muito distante, existiu o Reino do Comércio. Esse reino era governado pelo rei, que possuia uma cadeia de hipermercados e era habitado por comerciantes. Um dia, o rei fartou-se de ter os hipermercados abertos sem ninguém, pois naquele reino todos vendiam e ninguém comprava. Assim, o rei decidiu conquistar mais terras. Primeiro começou com o reino vizinho, Natal. Depois de ter coroado o Pai como rei do reino Natal, o rei do reino Comércio passou a chamar-lhe Pai Natal. Após isto decretou que todos os habitantes do reino Natal deveriam trocar (muitas) prendas entre si. Desta forma, e com o passar dos anos, os costumes do reino Natal foram perdidos, passando a praticar-se um estilo de vida baseado nos costumes do reino do Comércio.
Mas o rei do reino Comércio, a quem vou referir-me a partir de agora como "Comércio", não estava satisfeito. Ele queria mais. Assim, dirigiu-se, com as suas numerosas tropas de comerciantes a um reino que sabia como já seu: o reino Páscoa. No reino Páscoa já havia, tradicionalmente, o costume da troca de prendas, no entanto o Comércio queria aumentar esse costume, e coroou como rei de Páscoa o seu animal preferido: o Coelho, passou a chamar-lhe Coelho de Páscoa e fez os habitantes de Páscoa crerem que o Coelho punha Ovos de Chocolate. Feito isto, instituiu que para além do tradicional Folar, se deveriam dar ainda mais presentes. Da mesma maneira que em Natal, Páscoa também perdeu os seus costumes.
Além do reino de Natal e Páscoa, o Comércio tomou também o Reino Dos Namorados, embora aqui haja uma contradição entre os especialistas. Uns crêem que o Reino dos Namorados foi de facto tomado e sofreu a aculturação, outros acreditam que o facto de Cupido ter subido inesperadamente ao poder neste reino, nada tem a ver com o Comércio. Fica a dúvida. Eu gosto de imaginar que o Comércio tomou de facto o Reino dos Namorados. Instituiu o consumismo desvairado e fez com que todos vivessem felizes para sempre.
Anos depois os reinos tomados pelo Comércio desmembraram-se, os habitantes passaram a habitar os quatro cantos do mundo e com eles levaram o consumismo.
Após tudo isto, há uma matéria que não foi aprofundada: as tradições de cada reino antes da Invasão Comercial. No reino do Natal, celebravam o nascimento de alguém cuja identidade não é conhecida por falta de dados; em Páscoa celebravam a ressurreição de uma pessoa que também não se sabe quem é; e no Reino dos Namorados era celebrado o Amor entre as pessoas.
Tudo isto se perdeu. Toda esta rica cultura foi esquecida e substituida pela cultura de Comércio.


E assim se viveu, há muitos milhares de anos atrás... Parecido com hoje, não?

Abraço