P’ra Ti Mundomem.
O som que é mudo para ti,
É dor de morte em espaço meu,
É lanho aberto à força do bisturi
impiedoso do destino.
Sou corpo descarnado As partes por aí,
Em lividez exangue de albino.
A mudez que vês neste som,
Tamanha! – d’Este a’Oeste se via,
É, sem saberes, a protecção
que te torna sol de alegria.
Assim és forte como um verão
Que, distraído em euforia,
Esquece o cinzento – a próxima estação.
E passa o tempo, o som não!
Oiço-o furtivo, vigilante,
Com cuidado de ladrão
que busca numa dormente estante
Consolo triste p’ra contínua rejeição.
E assim medra a solidão,
Como erva selvagem a florir,
Como senhora que sem mão
do Homem (que lhe custa a ouvir),
abre caminho pela escuridão
da terra que te está a cobrir.
E Homem vive a besta da Terra,
Homem vive, dono de tudo,
Dono do mar, dono da serra,
Senhor do conhecimento e do estudo.
Mas que senhor é esse, que sapiente animal?
Que dizendo-se racional nem tem sequer vontade?
Digo-vos eu: é o que se sente divinal
quando os únicos haveres da vida são exterior e vaidade;
E que perturbado pelo torpe barulho social
Não consegue ouvir o doloroso som da verdade!
E doloroso sendo, acho
estoicismo que em mim nunca vi;
Que vale a pena ouvir, seja ele baixo,
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