20 de fevereiro de 2008

Competitividade

Compreendo a competitividade humana, percebo a sua importância: sem ela a espécie não seria o que é hoje. Contudo, não descortino a razão pela qual, à semelhança de muitos traços dessa animalidade primária de outras eras mais selvagens, a competitividade cega e irracional não foi deixada de lado. É curioso que, hoje em dia, em que o Homem vive em casas que tocam o céu, construiu asas mais rápidas do que qualquer ave, faz cálculos astronómicos em milionésimos de segundo, continue a ceder a essa sua herança animal tão congénita como a própria necessidade de procriar.
A competitividade, na sua vertente irracional, torna as pessoas ridículas, isto porque a competitividade actual limita-se à cópia ampliada da conquista do vizinho: a preocupação em evoluir, em utilizar o desejo de superar o parceiro para crescer não existe. Existe sim uma enorme exibição de peças, sejam elas físicas ou não, na qual o mais evoluído, o mais proeminente é o que tiver a maior, ou pelo menos, o que assim o aparentar. Mais: a competitividade do Homem que se diz civilizado não fica por aqui; somada à fixação no tamanho, há ainda a necessidade premente de espezinhar, logo que possível, o concorrente mais directo, de eliminar potenciais rivais, de tornar a tarefa tão fácil que se possa, por algum tempo, estagnar a "evolução".

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