29 de maio de 2009

Fumar

Por vezes sinto a necessidade de um cigarro: não do relaxante influxo da nicotina, nem do nevoeiro intoxicante da combustão do tabaco, mas do alheamento, da cortina prateada com que o acto de fumar envolve uma pessoa.

Reparo muitas vezes no ar de ancião com que os fumadores ficam quando são obrigados a vir cá fora: é quase como se se viessem sentar à sombra de algo maior; em cada 'passa' parece que sorvem o mundo com mais intensidade do que os outros, retiram-lhe essência para depois a analisarem profundamente enquanto, com a calma de quem tem nos bolsos todo o tempo, bufam os vapores de um comboio que viajou por terras infinitas.