Caem por perto folhas de uma vida que está morta,
Sinto-as, suaves, silenciosas a cair,
E vejo como as lágrimas da perda caem também.
E é com música que me engano,
Que me esqueço que o mundo escamoteou o meu eu,
Que a vida se lembrou que aquilo não era meu,
Que sou eu então, senão uma fantoche de alguém que nunca me disse que existia?
Que dá e que tira, que mal nos deixa saborear nos está imediatamente a tirar?
Não me queixo de não ter saboreado.
Queixo-me da farsa em que me tornei por perder,
Perder-me e ficar só, sem nada, sem mim.
Queixo-me de ficar só com cacos,
Cacos que supostamente tenho que juntar,
Para fazer um novo eu,
Para construir outro que substitua o que fui.
Não sei, não posso e não quero.
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