Muito há para dizer sobre o óbvio, e obviamente a primeira coisa que nos surge é o facto de ser algo terrivelmente ignorado. "Por ser óbvio vou omitir, toda a gente já sabe". Esta é uma ideia corrente que penso estar errada. O facto de ser óbvio faz-nos insistir pouco na ideia ou na solução ou o que quer se seja que o é. Desta maneira acabamos por perder o óbvio quando, por ser óbvio, nunca devia ser perdido, já que o que é óbvio é básico, e como o próprio nome indica, não se deve perder (o que seria dos copos sem base).
Provavelmente o que é óbvio decorre de processos mentais tão enraizados na nossa natureza humana que conduzem inexoravelmente e em todos os casos, ou seja, em todas as pessoas, às mesmas conclusões. Contudo, sendo o homem todo diferente na sua unidade, o óbvio de uns é pouco óbvio para outros, portanto o óbvio varia, logo o óbvio nem sempre é óbvio o que o torna pouco óbvio e sendo ele pouco óbvio deve ser referido vezes sem conta para que ninguém o esqueça.
Comecei por dizer que muito há para dizer sobre o óbvio e acabo a dizer o mesmo. Embora pareça, o óbvio não é supérfluo. E tudo isto porque a Anotação XVI é estupidamente óbvia:
Na vida, a única regularidade é a irregularidade.
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