16 de agosto de 2009

Anotação XXV

A vida é um número irracional!

15 de agosto de 2009

não sei nada de nada

há qualquer coisa de emocionante na vida que a pasmaceira do quotidiano nos tira.
a incerteza do que se vai passar no momento seguinte, a imprevisibilidade constante desaparecem quando repetimos rituais diariamente.
é quase como quando estamos muito tempo a olhar para a mesma coisa: acabamos por não esperar nada de novo dela.
a questão é que o quotidiano mascara a vida, dá-lhe um aspecto estático, fixo, quase-imutável: aborrecido.
mas a vida não é isso: é descoberta constante, mutação perpétua!
a vida é poder dizer que não sabemos o que vamos ser ou que não sabemos o que vamos querer.

a vida não é rígida, não é rigorosa ou axiomática: é um pedaço de barro constantemente húmido, pronto a ser remoldado.

e não há fatalismos, não há destinos ou coisas parecidas: há pessoas, há relações, há sentimentos: há um jogo sem regras para ser jogado.

o mundo é enorme, há imensas pessoas, há muitas oportunidades e há sobretudo medo!
tome-se o mundo como a casa dos vivos; ganhe-se coragem e viva-se!
a tendência para criar raízes é muitas vezes a responsável pela infelicidade: sente-se que encontramos o nosso lugar; sente-se que aquele é o único sítio para nós...
mas o nosso sítio é o mundo e o mundo esconde tanta coisa! Ora boa, ora má, mas tudo isso faz parte do jogo!

5 de agosto de 2009

excepção II

Anotação XXIV

O sentimento de posse é insidioso: pela força da imprevisibilidade da vida, ninguém tem incondicionalmente alguma coisa,; nem mesmo um rumo garantido!

4 de agosto de 2009

2 de agosto de 2009

Saias

Chega o verão e temos isto:
saias.
Aparatos malditos de sedução,
oscilantes tecidos de criar loucura
nas pupilas inocentes de qualquer homem.

A mulher segue envolta em altiva beleza,
numa indiferença satânica ao seu efeito
hipnotizante de musa clássica que lhe confere
o simples trapo que lhe mostra as pernas.
Saias!

Pernas suaves e límpidas movem as saias,
fazendo-as esvoaçar o sufiente:
e o homem perde-se nas sensibilidades artísticas
da instabilidade daquele sistema perfeito:
pernas e saias!

E o movimento parece perpétuo na memória
visual do simples apaixonado:
a mulher como estandarte de beleza,
encabeça a procissão do Verão,
trazendo consigo a leveza ébria
que, insensivelmente,
martiriza o peito. (suspiro profundo!)

José Maria Guerreiro

28 de julho de 2009

[sem título]

Fechem-se as ruas.
Fechem-se as casas.
cale-se o leve rumor da passagem.
"Estatifique-se" o momento
E deixem-me no meio do nada.

O corpo que se sente ao de leve no silêncio,
No vazio dos ouvidos
E que encha, a cântaros, os olhos adormecidos,
Os olhos inchados de secura óptica,
Sedentos da verdade do mundo,
Cansados da verdade dos Homens.

Dai-me solidão. Dai-me paz.

(Aqui parado sinto o mundo a pulsar.
Sinto-o com a certeza de ser eu também.
Sinto-o com a certeza de quem sente
Aquilo que é seu.
Porque o mundo aqui, neste momento parado,
Neste momento hipnotizado pela minha vontade de silêncio,
Sou eu e o que os olhos me trazem.)

05/09/08

10 de junho de 2009

Anotação XXIII

É bom ser crescido porque se pode recordar a infância!