Tenho visto ultimamente algumas séries cómicas norte-americanas e descobri nelas algo que me irrita profundamente: todas elas dizem ao telespectador quais são os momentos com piada, ou seja, aparecem gargalhadas em segundo plano no decorrer da série.
E isso irrita-me tresloucadamente.
Irrita-me porque eu não quero saber quando é que o autor achou que aquilo tinha piada, eu quero é rir-me e não me sentir estúpido quando as gargalhadas surgem e eu não percebo porquê. Irrita-me também porque o facto de surgirem gargalhadas serve de dissimulação para a fraca piada que surgiu, ou seja, o espectador está à espera do momento em que as gargalhadas surgem, de modo a rir-se e a não parecer estúpido, que não presta atenção à péssima qualidade humorística do programa.
No entanto, nem só de irritação se faz este texto, também nele vai surgir a preocupação.
Sim, estou preocupado porque, como as televisões portuguesas são peritas em optimizar o uso das técnicas que possuem, muitas vezes torpemente, qualquer dia vamos estar a ver o telejornal e a meio surgirão sons de entusiasmo, quando se falar do Mickael Carreira, sons de preocupação, quando se falar na senhora que perdeu 10 galinhas, e sons de choro quando se falar no estado da nação. Penso que de hoje a esse dia, falta muito pouco tempo.
E desta maneira a televisão caminha a passos largos para dias cada vez mais gloriosos!
E assim vivemos...