20 de fevereiro de 2006

O Reino do Comércio

Há muitos milhares de anos, numa terra muito distante, existiu o Reino do Comércio. Esse reino era governado pelo rei, que possuia uma cadeia de hipermercados e era habitado por comerciantes. Um dia, o rei fartou-se de ter os hipermercados abertos sem ninguém, pois naquele reino todos vendiam e ninguém comprava. Assim, o rei decidiu conquistar mais terras. Primeiro começou com o reino vizinho, Natal. Depois de ter coroado o Pai como rei do reino Natal, o rei do reino Comércio passou a chamar-lhe Pai Natal. Após isto decretou que todos os habitantes do reino Natal deveriam trocar (muitas) prendas entre si. Desta forma, e com o passar dos anos, os costumes do reino Natal foram perdidos, passando a praticar-se um estilo de vida baseado nos costumes do reino do Comércio.
Mas o rei do reino Comércio, a quem vou referir-me a partir de agora como "Comércio", não estava satisfeito. Ele queria mais. Assim, dirigiu-se, com as suas numerosas tropas de comerciantes a um reino que sabia como já seu: o reino Páscoa. No reino Páscoa já havia, tradicionalmente, o costume da troca de prendas, no entanto o Comércio queria aumentar esse costume, e coroou como rei de Páscoa o seu animal preferido: o Coelho, passou a chamar-lhe Coelho de Páscoa e fez os habitantes de Páscoa crerem que o Coelho punha Ovos de Chocolate. Feito isto, instituiu que para além do tradicional Folar, se deveriam dar ainda mais presentes. Da mesma maneira que em Natal, Páscoa também perdeu os seus costumes.
Além do reino de Natal e Páscoa, o Comércio tomou também o Reino Dos Namorados, embora aqui haja uma contradição entre os especialistas. Uns crêem que o Reino dos Namorados foi de facto tomado e sofreu a aculturação, outros acreditam que o facto de Cupido ter subido inesperadamente ao poder neste reino, nada tem a ver com o Comércio. Fica a dúvida. Eu gosto de imaginar que o Comércio tomou de facto o Reino dos Namorados. Instituiu o consumismo desvairado e fez com que todos vivessem felizes para sempre.
Anos depois os reinos tomados pelo Comércio desmembraram-se, os habitantes passaram a habitar os quatro cantos do mundo e com eles levaram o consumismo.
Após tudo isto, há uma matéria que não foi aprofundada: as tradições de cada reino antes da Invasão Comercial. No reino do Natal, celebravam o nascimento de alguém cuja identidade não é conhecida por falta de dados; em Páscoa celebravam a ressurreição de uma pessoa que também não se sabe quem é; e no Reino dos Namorados era celebrado o Amor entre as pessoas.
Tudo isto se perdeu. Toda esta rica cultura foi esquecida e substituida pela cultura de Comércio.


E assim se viveu, há muitos milhares de anos atrás... Parecido com hoje, não?

Abraço

3 comentários:

Anónimo disse...

ola*

muito, muito, muito bom
*****
ai ai ai...as coisas que passam nessa cabecinha...com muita lógica...

Parabéns***Recriaste de uma forma muito significativa o consumismo que é imperializado nestas tais datas que deveriam ter o simbolismo que, de dia para dia é esquecido....pois em vez deste simbolismo, de facto, o consumismo impõe-se acima de qualquer outro sentimento, destruindo culturas e costumes...
fazes um bom trabalho para nos alertar dos valores que muitos vezes começam a ser esquecidos, porque nos deixamos levar pela onda que os "grandes senhores" quase que nos obrigam a tomar....
(Ja te disse, mas torno a dizer, tens muito jeito mesmo...PROF_Expert!)

******

continua :)

Beijitos e abraços

*****

Anónimo disse...

Bem, eu não devia ter invadido desta forma os teus cantinhos, mas, deu-me assim uma subita vontade de comentar tudo, muito provavelmente pela forma como escreves, como transmites sentimentos. Quanto a isso so' te posso dar os meus parabens!

Este texto esta assim mesmo muito especial, da'-me vontade de postar no meu fotolog :-) (Ja' esta gravado no meu computador)

Peço imensas desculpas por ter comentado algo que não e' meu, que não faz parte de mim, de forma alguma, mas pronto :-)

Um beijo.


Suzanaduartetomas@hotmail.com

www.fotolog.net/sue___


Susana Duarte


P.s. Adorei o aqqui :-)

Anónimo disse...

Mais uma vez...

A verdade é que a culpa não é do Rei do Comércio, mas sim dos seus súbditos que permitem que isto aconteça (para além de contribuirem).
Deixemos a ingenuidade para trás. Estamos sempre a tempo de uma revolução...










cumprimentos